São José da Tapera é município rico para estudo de Paleontologia

Derllânio Telécio | 12:10 | 0 comentários

Os grandes mamíferos da Era do Gelo, imortalizados pelo cinema de animação, também habitaram o Sertão de Alagoas há mais de 10 mil anos, no Pleistoceno (período pré-histórico entre 1,8 milhão a 11 mil anos atrás). Fósseis bem conservados de tigre de dente-de-sabre, mastodonte, preguiça gigante, tatu-gigante, toxodon e paleolhama foram encontrados durante as obras de construção do Canal do Sertão Alagoano, em São José da Tapera, a cerca de 220 quilômetros de Maceió (AL).

“Em termos de diversidade, foi uma das maiores coletas de fósseis que já fizemos no Estado”, revela o paleontólogo Jorge Luiz Lopes, responsável pelo recolhimento e diretor do Museu de História Natural da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), para onde o achado foi transportado. “Em duas semanas de trabalho, no fim do ano passado, recolhemos mais de duas toneladas de material. É a maior quantidade encontrada até hoje”, diz Jorge Luiz Lopes, que garimpa fósseis há 20 anos no Estado. 

Depois de peneirar e separar o material, o pesquisador identificou molares e presas de mastodonte (parente dos elefantes), dentes de preguiça gigante, placas ósseas (osteodermos) de tatu gigante, cabeça do fêmur de um tigre dente-de-sabre, vértebras de paleolhama (lhama grande, do tamanho de um camelo) e dentes de taxodon (animal que se assemelhava a um hipopótamo). “O material foi fácil de identificar e tem muita peça de boa qualidade que pode integrar o acervo do museu”, afirma o paleontólogo.

Normalmente, fósseis são encontrados em depressões nas rochas, mas esses estavam entulhados ao lado do trecho onde o canal ia passar. “A área foi escavada por moradores há cerca de 70 anos. Eles costumavam esvaziar os tanques de fósseis para armazenar água de chuva”, explica o professor. “Felizmente, não destruíram as peças.” Até agora, nenhum fragmento de animal desconhecido foi identificado. “Mas só conseguimos pesquisar metade dos fósseis encontrados”, lembra. Em Alagoas, há cerca de 60 sítios paleontológicos em 24 municípios pesquisados pela Ufal. Na maioria predomina a magafauna (mamíferos gigantes da era do gelo). “Mas encontramos fósseis de animais menores ainda não identificados.”

Por enquanto, as peças estão no museu da Ufal para análise. Mas o paleontólogo defende que parte do achado volte para o município de São José da Tapera depois de catalogado. “Seria uma forma de atrair visitantes e estimular a pesquisa na região. Porém, é preciso montar um local adequado para abrigá-lo”, ressalta. Depois desse achado pré-histórico, as obras do canal continuaram. “Mas não encontramos mais nenhum material paleontológico ou arqueológico”, diz Omar Barreto, informando que as obras terminam em julho de 2015.

O mais interessante para ser notado é que grande parte dos taperenses desconhecem que sua região é rica para estudos de Paleontologia e quem sabe no futuro próximo possa ter um Museu que venha trazer para as pessoas informações e estudos referente ao assunto.

Desde 1942, o comércio de fósseis é proibido no Brasil (Decreto-Lei 4.146). Tudo que for encontrado 50 centímetros abaixo do solo é patrimônio da União. A pena por roubo dessas peças pode chegar a cinco anos de prisão. Enfim, Além de terra, minerais e água, o solo do município de São José da Tapera esconde história. 

Da redação e com informações do site JC Online


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